Por Msc. Eduardo Colley*
As “medidas de controle de Achatina
fulica” podem ser divididas basicamente em três estratégias distintas, e
são: controle biológico, controle químico e controle físico.
A execução destas estratégias realizadas em diferentes países tem na
maioria dos casos resultado em insucesso. No entanto, existe um grande exemplo
de sucesso na erradicação de A. fulica
após uma grande infestação que resume bem a receita a ser seguida em busca do
controle da espécie invasora. Porém, antes de apresentar a receita do sucesso é
importante conhecer outros métodos largamente testados e que resultaram em
consequências desastrosas.
O primeiro deles é decorrente da utilização dos inimigos naturais das
espécies de Achatina e outros
gastrópodes terrestres na tentativa de combater a A. fulica. Vários são os problemas advindos dessa prática. Esta
metodologia é denominada de “controle biológico” e inicialmente parece o mais
vantajoso, pois utiliza o serviço da natureza, sem mão-de-obra e equipamentos. Entretanto,
nestes casos existe o problema da ausência de um agente controlador
espécie-específico, ou seja, de um organismo biológico (vírus, bactéria ou
animal) que ataque exclusivamente os caramujos da espécie A. fulica. Este pequeno detalhe torna essa alternativa totalmente inviável
tento em vista que o agente biológico utilizado pode vir afetar a sobrevivência
de inúmeras outras espécies animais e vegetais, além de transmitir doenças para
as pessoas.

A última alternativa para o combate do caramujo invasor A. fulica é denominada de “medida de
controle físico” que é considerada a menos dispendiosa se comparada aos dois
métodos citados anteriormente e ainda possui a vantagem de poder ser adaptado a
qualquer condição ambiental. Dentre as medidas de controle físico existentes, a
coleta manual é a melhor alternativa para o controle, manejo e erradicação de A. fulica. O melhor exemplo de que a erradicação
de A. fulica é possível de ser realizada através da coleta manual é o
excelente programa de controle da espécie executado em Miami, Flórida, nos
Estados Unidos.
O sucesso desta ação foi
resultado de um conjunto de medidas que envolveram primeiramente a detecção
precoce, ou seja, o reconhecimento rápido e preciso da introdução da espécie
invasora a partir de um estudo prévio sobre a população do molusco e sua distribuição;
além de um trabalho contínuo de sensibilização da sociedade através de
informações veiculadas pela mídia em toda área afetada com campanhas educativas
nas escolas, empresas, comércio, entre outros. A principal medida de controle
utilizada foi à coleta manual realizada de forma intensa por profissionais
capacitados que também coordenaram a ação. O trabalho contou com a cooperação
da comunidade através da catação dos caramujos e eliminação dos pontos que
contribuíam para o estabelecimento da população de A. fulica pela
manutenção dos terrenos limpos e retirada das plantas exóticas, lixo e entulho.
Esta ação de sucesso
contou com a articulação do órgão ambiental e da agricultura Norte-americano
como gestores e financiadores de toda campanha.
Semelhantemente, no Brasil
o principal articulador nacional é o Ministério do Meio Ambiente (MMA),
tem buscado com pouco sucesso o estabelecimento de um marco integrador dos
segmentos governamentais envolvidos (MMA, IBAMA, ANVISA, MAPA) com a sociedade.
Portanto, no Brasil a realidade de prevenir novas invasões de moluscos
terrestres e manejar e erradicar o caramujo africano A. fulica está muito distante de ser alcançada tendo em vista a
falta de atitude governamental.
Para que esta ação de manejo, controle e erradicação de A. fulica no Brasil ocorra com sucesso é
fundamental que os órgãos governamentais competentes tenham uma mudança radical
de mentalidade e executem com seriedade a receita de sucesso realizada em
outros países.
Maiores detalhes sobre “medidas de controle de Achatina fulica” podem ser encontradas no livro “O caramujo Gigante
Africano no Brasil” https://www.editorachampagnat.pucpr.br/produto.php?dd0=135
*Eduardo Colley é mestre em ciências biológicas pela UFRJ, atualmente é doutorando em Zoologia, pela UFPR, com ênfase em Malacologia.
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